Investir é uma forma inteligente de fazer o teu dinheiro crescer, mas para saberes se um investimento está a funcionar, precisas de uma ferramenta fundamental: saber medir o seu retorno real. Não basta conheceres a rendibilidade final ou os juros prometidos. Para tomares decisões informadas, tens de compreender como são calculadas as rendibilidades, que factores as influenciam e como compará-las entre classes de activos.
Neste guia prático, aprenderás a diferença entre rendimentos financeiros e económicos, como aplicar estes conceitos aos teus investimentos e o que procurar ao avaliar o verdadeiro rendimento do teu dinheiro.
O que queres dizer com rentabilidade real?
O rendimento real é o rendimento efetivo que um investimento gerou, tendo em conta tanto os rendimentos como os custos associados e ajustando, se necessário, para factores como o tempo, a inflação ou os riscos assumidos.
Os investidores principiantes cometem muitas vezes o erro de olhar apenas para o rendimento nominal (por exemplo, “ganhei 8%”), sem considerar se essa percentagem reflecte realmente o rendimento após impostos, despesas e riscos.
É por isso que é tão importante distinguir e calcular corretamente dois indicadores-chave: a rentabilidade económica e a rentabilidade financeira.
Rentabilidade económica vs. rentabilidade financeira: quais são as diferenças?
Ambas são formas válidas de medir o sucesso de um investimento, mas têm abordagens diferentes:
- Rentabilidade económica: mede o lucro em relação ao total dos activos utilizados para gerar esse lucro. É útil para avaliar a eficiência de uma empresa ou de um projeto.
- Rentabilidade financeira: calcula a rentabilidade do capital investido. Por outras palavras, o que o investidor ganha efetivamente em proporção à sua contribuição.
Podes ler mais sobre esta diferença nesta explicação completa sobre rentabilidade económica e financeira.
Vejamos um exemplo simplificado:
Imagina que estás envolvido num projeto imobiliário:
- Custo total do projeto: 100.000 euros.
- Lucro obtido: 10 000 euros
- Capital contribuído por ti: 20.000 €.
- O restante foi financiado (80.000 euros).
- Rendimento económico = 10.000 / 100.000 = 10 %.
- Rendimento financeiro = 10.000 / 20.000 = 50 %.
A rentabilidade económica mede a eficiência do projeto, enquanto a rentabilidade financeira te diz o que ganhaste em termos do teu investimento pessoal.
Factores a ter em conta para medir a rentabilidade real
1. prazo do investimento
Um rendimento de 10% em 6 meses não é o mesmo que um rendimento de 10% em 2 anos. Comparar os horizontes temporais é essencial.
2) Risco assumido
Dois investimentos com a mesma rendibilidade não são iguais se um tiver mais risco. Quanto maior for o risco, maior deve ser a rendibilidade esperada para o justificar.
3) Custos e impostos
As comissões de gestão, os impostos sobre os lucros, os custos de manutenção, etc., reduzem o rendimento líquido real. Deduz sempre esses custos do cálculo.
4. Inflação
Se um investimento te dá 5% ao ano, mas a inflação é de 3%, o teu ganho real em poder de compra é de 2%.
Comparação de activos: tudo depende dos pormenores
Quando comparares os activos (acções, fundos, imóveis, depósitos), tem em conta:
- Qual é a rentabilidade média histórica?
- Qual é o nível de risco?
- Qual é o horizonte temporal necessário?
- Qual é a sua liquidez (quão fácil é recuperar o dinheiro)?
- Quais são os custos associados?
Investir não é apenas perseguir percentagens elevadas, mas compreender o que estás a sacrificar ou a assumir em troca desse retorno.
Conclusão: medir bem é investir melhor
O desempenho é o termómetro de qualquer investimento, mas se não souberes lê-lo corretamente, podes tomar decisões erradas. Conhecer a diferença entre rendibilidades financeiras e económicas, calculá-las com precisão e ter em conta os factores reais que as afectam permitir-te-á comparar activos de forma mais objetiva e precisa.
Avalia, compara e decide com informações claras. Esta é a única forma de fazer crescer a tua riqueza de forma inteligente e sustentável.